HISTÓRIA

     Em 16 de julho de 1645, o Padre André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por mais de 200 soldados holandeses e índios potiguares. Os fiéis participavam da missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú, no município de Canguaretama, localizado na região agreste do Rio Grande do Norte. Por seguirem a religião católica, tiveram que pagar com a própria vida o preço da fé, por causa da intolerância calvinista dos invasores.

     Quase três meses depois, no dia 3 de outubro, aconteceu outro martírio, durante o qual 80 pessoas foram mortas por holandeses. Uma das vítimas foi o camponês Mateus Moreira, que teve o coração arrancado pelas costas, enquanto repetia a frase “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”. Este morticínio aconteceu na Comunidade Uruaçu, em São Gonçalo do Amarante, a 18 km de Natal, litoral do RN. 

Foto da imagem de Nossa Senhora das Candeias que presenciou o morticínio.

Massacre de Uruaçu

     O segundo massacre aconteceu três meses depois, no dia 3 de outubro, em Uruaçu, hoje parte do município de São Gonçalo do Amarante (RN).

     Com as notícias sobre o ocorrido em Cunhaú, alguns católicos buscaram refúgio na Fortaleza dos Reis Magos e numa fortificação construída no pequeno povoado de Potengi, que ficava próximo da Fortaleza, mas foram atacados pelas tropas de Rabbi.

     Eles resistiram, mas acabaram se rendendo e foram massacrados às margens do rio Uruaçu. Entre os mortos estavam o padre Ambrósio Francisco Ferro e o camponês Mateus Moreira. De acordo com os relatos históricos, os invasores holandeses ofereceram aos fiéis católicos a opção de conversão ao calvinismo, mas eles escolheram o martírio, e o acolheram entre orações e exaltação a Deus.

     A disposição dos fiéis à hora da morte era a de verdadeiros mártires, ou seja, aceitando voluntariamente o martírio por amor a Cristo. Os assassinos agiam em nome de um governo que hostilizava abertamente a Igreja Católica, a religião do governo português, do qual eram adversários.

     Foram dezenas de mortos nos dois episódios, mas apenas 30 foram canonizados, sendo 28 leigos e dois sacerdotes, isso porque devido a violência com que foram mortos, muitos não puderam ser identificados.

CANONIZAÇÃO E FESTEJOS

     Os Mártires de Cunhaú e Uruaçu foram beatificados pelo Papa João Paulo II, em 5 de março de 2000, e foram canonizados pelo Papa Francisco, em 15 de outubro de 2017. Na ocasião da canonização, o Papa Francisco ressaltou que o sangue dos mártires regou o solo para a geração de novos cristãos: “Seu sangue regou o solo pátrio, tornando-o fértil para a geração de novos cristãos”, afirmou Francisco.

Fiéis lotaram a Praça de São Pedro para acompanhar a canonização dos mártires — Foto: Michelle Rincon/Inter TV

GALERIA DE FOTOS

DOCUMENTOS

Telegrama do Senador Carlos Alberto 27.09.1984

Obra de restauração Capela de Cunhaú em Canguaretama

Juarez Rabelo e a causa dos Mártires de Cunhaú

COMO CHEGAR